Artigo sobre Low Carb: Escrito por Sarah Arques e Felipe Donatto
As dietas pobres em carboidratos, popularmente conhecidas na internet como low carb, também na década de 70 como a dieta do Dr Atikins, South Beach, The Zone, Poder da Proteína, são dietas que ficaram famosas pelos resultados rápidos observados na balança e medidas corporais, porém sabe-se que essa perda de peso rápida, se dá pela de redução do níveis de glicogênio muscular e hepático, que em conjunto temos água intracelular, efeitos esses já conhecidos na literatura (OLSSON; SALTIN, 1970; SCHWARCZ; BERKOFF, 2006).
Não há uma definição única como uma fórmula de bolso para se classificar uma dieta “low carb”, já que o cálculo dependeria do valor calórico total (recomendações em %) e ou do peso corporal da pessoa (recomendações em g/Kg). Uma quantidade mínima de 120-130g de carboidrato ao dia é preconizado pelo OMS para manter as funções cerebrais normais, já que é um órgão que consome grandes quantidades de glicose (DRI, 2002; DRI, 2005). Entretanto, muitas dietas very low carbutilizam a referência de ingestão total de carboidratos inferior a 70 g/dia. A tabela a baixo foi retirada de um estudo que compilou diversas meta análises sobre dietas restritas em carboidratos, de acordo com o valor energético total da dieta em relação a quantidade de carboidratos presentes na mesma (WYLIE-ROSETT et al., 2013).
Descrição de Valor | Definição | 2000 calorias | 1500 calorias | 1200 calorias |
Carboidrato muito baixo | 21-70 g/dia | 4-14% | 6-19% | 7-23% |
Carboidrato moderadamente baixo | 30-39.9% de energia | 150-200g/dia | 113-149g/dia | 90-120g/dia |
Carboidrato moderado | 40-65% de energia | 200-325g/dia | 150-245g/dia | 120-195g/dia |
Rico em carboidratos | >65% de energia | >325 g/dia | > 245g/dia | >195g/dia |
Fonte: Adaptado deWylie-rosett et al. (2013) Classificação alimentar baseada na quantidade de carboidratos.Health Effects of Low-Carbohydrate Diets: Where Should New Research Go? Current Diabetes Reporffts, New York U.s. A., v. 13, n. 2, p.271-278, 2013.
Com relação a sua aplicabilidade, essas dietas são utilizadas, em geral, em pessoas com diabetes ou insulina resistentes, situação em que o organismo possui um desiquilíbrio da metabolização de carboidratos. Um estudo de corte realizado em Israel em 2015, com 800 indivíduos, entre 18 e 70 anos, saudáveis e pré-diabéticos a resposta glicêmica em dietas personalizadas. Tal estudo mediu durante 1 semana os níveis de glicêmico pós-prandial também foram avaliados parâmetros sanguíneos, antropométrico, atividade física e comportamentos de estilo de vida auto-relatados, além de composição e função da microbiota intestinal.
A pesquisa evidenciou a necessidade de dietas personalizadas visto que o consumo de uma mesma dieta por diferentes indivíduos tem resposta glicêmica variável e fatores como função da microbiota intestinal e prática de atividade física tem interferência direta nessa resposta. Assim recomendações alimentares gerais podem ter eficácia limitada. O estudo representa um importante passo em direção a nutrição personalizada, prevendo resposta ao açúcar alimentar, bem como a importância da análise da resposta individual do organismo ao alimento (ZEEVI et al., 2015).
Os resultados demonstraram alta variabilidade interpessoal na resposta glicêmica pós-prandial individual para o mesmo alimento (ZEEVI et al., 2015), sendo que usar apenas o índice glicêmico para caracterizar um carboidrato “bom ou ruim” pode ser um erro. Saber a necessidade energética total, organizar a quantidade certa de carboidrato(g) em cada refeição e ajustar a carga glicêmica de uma refeição com vegetais, gorduras e proteínas é o caminho dentro da restrição calórica necessária para a perda de peso.
Dieta Low Carb – Prós |
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Dieta Low Carb – Contras |
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Dessa forma podemos concluir que não há uma fórmula única e específica para se reduzir carboidratos da dieta, é preciso levar em consideração diversos fatores do indivíduo como um todo. Portanto podemos destacar a importância do profissional nutricionista específico para realizar a conduta nutricional adequada às necessidades individuais.
Referências bibliográficas
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7. PERSONALIZED Nutrition by Prediction of Glycemic Responses. Israel, 2015. P&B. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hZWLy7FLvZ4&t=144s>. Acesso em: 10 out. 2019.
8. SCHWARCZ, Joe; BERKOFF, Fran. Alimentos Saudáveis Alimentos Perigosos: Dieta Pobre em Carboidratos. Rio de Janeiro: Readers Digest, 2006.
9. WYLIE-ROSETT, Judith et al. Health Effects of Low-Carbohydrate Diets: Where Should New Research Go? Current Diabetes Reports, New York U.s. A., v. 13, n. 2, p.271-278, 2013.
10. ZEEVI, David et al. Personalized Nutrition by Prediction of Glycemic Responses. Cell, [s.l.], v. 163, n. 5, p.1079-1094, nov. 2015. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.cell.2015.11.001.